quinta-feira, 4 de setembro de 2008



Sobral -vista parcial


O Sobral fica situado numa encosta muito arborizada próximo da Várzea dos Cavaleiros.

Sobral, significa "sobreiral". Pensa-se que neste sítio existia antigamente um terreno com sobreiros, assim como no Bouçô havia uma pequena bouça ou terreno de matos para estrume.

Produzem-se aqui bons produtos hortícolas, cereais, óptimo azeite, frutas e resina.

Os terrenos do Boiçó vêm até às proximidades do Sobral e algumas pessoas ainda recordam hoje o que os antigos diziam sobre isso:

"Um dia, um dos herdeiros das terras do Boiçó, estando na sua residência do Sobral a conversar com o irmão residente no Boiçó, mostrou vontade de dividir as terras herdadas dos pais, para saber até onde chegava o que lhe pertencia.

Combinaram então que no dia seguinte sairíam de casa ao nascer do Sol, correndo ao encontro um do outro e no lugar onde se encontrassem ficaria o marco da divisão.

O homem que residia no Sobral, correu logo de manhã ao encontro do irmão,mas quando chegou à Eira do Sobral já o irmão que residia no Boiçó, lá estava.

Colocaram aí o marco divisório como combinado e o homem do Sobral ficou surpreendido com tão rápida corrida.

O irmão do Boiçó, dormiu ali mesmo na Eira do Sobral, nem teve de se preocupar com a corrida para ficar com mais terras que o outro".


É por isso que as terras do Boiçó vêm até muito próximo do Sobral.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008



Lagar do Pisão

O Lagar do Pisão construido em 1791 tinha quatro varas e duas caldeiras para extrair o azeite da zona da Várzea dos Cavaleiros.

Era muito utilizado e já a ele se referia o Pe. Farinha no seu livro "A Sertã e o seu Concelho". Hoje encontra-se desactivado.


A descamisada

A "descamisada" fazia-se à noite. Era uma tarefa muito alegre e vinham ajudar gratuitamente os vizinhos do Pisão, das Pedras Negras e do Casal da Serra (Moita da Loba).

A principal riqueza do Boiçó era o pinheiro donde provinha a resina, a madeira, a lenha, as agulhas e as pinhas.

Infelizmente hoje isso não acontece devido aos incêndios que frequentemente devastam esta zona. Na reflorestação tem sido utilizado o eucalipto.

Os ervedeiros ou medronheiros davam os medronhos com que se produzia a aguardente em alambiques.

Próximo da ponte do Boiçó, que data de 1908, fica o moinho que transforma os cereais em farinha e mais acima ainda se percebem umas ruinas de um pequeno forno onde se obtinha o breu, por destilação da resina existente nos tocos dos pinheiros.


Ramo de oliveira com azeitonas maduras

No Boiçó abundavam as oliveiras que produziam excelentes azeitonas, umas para curtir - as cordovis - e outras para pisar e extraír o azeite.

A extracção do azeite fazia-se no Lagar do Pisão, à beira da Ribeira da Tamolha, que data de 1791. O azeite desta região é muito saboroso e sempre foi considerado como uma das riquezas do Boiçó.

A apanha da azeitona era manual e prolongava-se por bastante tempo sendo necessário contratar pessoal que aqui permanecia desde o início da colheita até ao fim.

Hoje, o azeite, continua muito gostoso, mas é produzido em quantidades reduzidas e os lagares já não são movidos a água.

Além da azeitona havia outras produções no Boiçó: trigo, centeio, milho, frutas e produtos hortícolas.

Os cereais eram malhados nas eiras e depois transformados em farinha nos moínhos de água existentes na Ribeira da Tamolha. Cada família possuía um moínho.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A minha terra

Sou do Boiçó, não esqueço
Enquanto vivo eu for
Ali tive meus princípios
E orientação, da melhor

No Inverno, tirava as botas
Para a Ribeira atravessar
Levando os livros às costas
À Escola não podia faltar

Na marmita ia o almoço
Que a minha mãe preparava
Presunto, queijo e broa
Era aquilo que mais gostava

Os deveres faziam-se à noite
Com uma candeia a iluminar
Depois da chegada das cabras
Que eu ajudava a ordenhar

Quando algum pobre chegava
Logo a minha mãe o recolhia
Comida e dormida lhe dava
À fogueira ele se aquecia

Os Valores que aqui aprendi
Para toda a parte os levei
Auxiliar os necessitados
É coisa que não esquecerei.


Boiçó

"Boiçó" é um pequeno lugar da Freguesia da Várzea dos Cavaleiros.

Fica situado muito próximo da sede da freguesia, numa encosta aprazível e fértil, com a Ribeira da Tamolha por companheira.

Teve início,segundo a tradição oral,apenas com duas famílias que lavravam as suas terras com uma junta de bois que lhes pertencia igualmente.
Um dia, um dos bois teve um acidente do qual resultou a sua morte, ficando um "boi só" para executar os trabalhos agrícolas.

Daí lhe vem o nome que ainda hoje tem "Boiçó",apenas com alterações gráficas.

No livro"A Sertã e o seu Concelho", na pág.166, o Pe. António Lourenço Farinha refere que o "Bouçô (Casal de Pedro Vaz),em 1527 tinha 3 Fogos, em 1730 tinha 4, em 1891 tinha 2 e em 1930 tinha 2".

terça-feira, 29 de julho de 2008


Diccionário de Américo Costa

Segundo consta neste "Diccionário" no vol.XII, nas páginas 270 e 271, em 1940 havia os seguintes lugares na Várzea dos Cavaleiros:

Beirão, Boiçó, Cabeço, Casal da Serra, Casalinho, Entre-a-Serra, Ferreiro, Fontaínha,Isna de S. Carlos, Maljoga, Maxial dos Hilários, Moinho Branco, Moinho do Cabo, Mosteiro Cimeiro, Mosteiro Fundeiro, Outeirinho, Outeiro, Pereiro, Pisão, Porto dos Cavaleiros, Póvoa, Ribeiras Cimeiras, Ribeiras Fundeiras, Sesmarias, Sobral, Vale da Junça, Vale do Pereiro, Várzea dos Cavaleiros e Volta.